O Papel da Governança Corporativa na Profissionalização de Clínicas Familiares
- Admin
- 30 de jul.
- 3 min de leitura

Saiba como conselhos, acordos de sócios e protocolos de decisão podem proteger sua clínica de conflitos e garantir longevidade
Introdução
Em clínicas familiares, é comum que decisões sejam tomadas de forma informal, com base na confiança entre os sócios — que muitas vezes são parentes. No início, isso funciona. Mas, à medida que a clínica cresce, surgem novos desafios: aumento da equipe, necessidade de controles financeiros, entrada de outros profissionais e, principalmente, divergências entre os envolvidos. Nesse cenário, a governança corporativa não é apenas uma formalidade: ela se torna o pilar da continuidade, da profissionalização e da proteção do negócio contra rupturas internas.
Dica prática: quanto antes uma clínica familiar adotar práticas de governança, menor o risco de conflitos que inviabilizem o crescimento futuro.
1. O que é governança corporativa e por que ela importa para clínicas familiares?
Governança corporativa é o conjunto de práticas, processos e estruturas que regulam a forma como uma organização é dirigida, administrada e controlada. Na prática, ela estabelece regras claras sobre quem decide o quê, com base em princípios como transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa.
Em clínicas familiares, essas práticas ajudam a separar o que é pessoal do que é profissional, estabelecendo uma cultura organizacional sólida e resistente a conflitos emocionais ou decisões impulsivas.
Exemplo real:
uma clínica de dermatologia, administrada por dois irmãos, enfrentou uma crise quando um deles quis abrir outra unidade sem o consentimento do outro. A ausência de um acordo de sócios e regras claras de expansão quase levou ao fim da sociedade.
2. Acordo de sócios: a base para a segurança jurídica e estratégica
O acordo de sócios é o primeiro documento essencial para uma clínica familiar que deseja se profissionalizar. Ele define as regras do jogo:
Direitos e deveres de cada sócio;
Critérios para retirada de lucros e pró-labore;
Como se dará a entrada ou saída de sócios;
Regras de sucessão em caso de falecimento ou afastamento;
Critérios para votação e tomada de decisão.
Além disso, protege o negócio de imprevistos familiares, como divórcios, heranças ou desentendimentos entre parentes.
Dica prática: envolva um advogado especializado em direito societário para redigir um acordo de sócios personalizado e robusto. Não use modelos prontos.
3. Criação de Conselhos: Consultivo ou Administrativo?
À medida que a clínica cresce, é recomendável a criação de um Conselho Consultivo (para clínicas menores) ou Conselho de Administração (para estruturas maiores).
Funções principais:
Avaliar decisões estratégicas com isenção;
Mediar conflitos entre sócios familiares;
Sugerir boas práticas de gestão e expansão;
Avaliar a performance da gestão executiva.
Ter um conselho com membros externos, mesmo que informal no início, ajuda a trazer visão de mercado e racionalidade ao processo decisório.
Estatística: segundo o IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), empresas familiares que adotam conselhos formais têm 2,5x mais chances de chegar à terceira geração com sucesso.
4. Protocolos de decisão e rotinas administrativas claras
Além dos conselhos e acordos, é fundamental definir protocolos de decisão:
Quem pode contratar ou demitir?
Qual o limite de valores para compras sem autorização prévia?
Como aprovar investimentos ou abertura de novas unidades?
Qual é a periodicidade das reuniões de gestão?
Esses protocolos criam uma cultura de accountability — onde todos sabem suas responsabilidades e prestam contas. Isso reduz o “achismo”, o excesso de centralização e os conflitos subjetivos entre familiares.
Dica prática: defina reuniões periódicas com pauta, ata e responsáveis pelas decisões. Isso formaliza os processos e profissionaliza a rotina.
5. Governança como ferramenta de valorização e perpetuidade
Além da organização interna, a governança corporativa também eleva o valor de mercado da clínica. Em processos de valuation, fusões ou entrada de investidores, a existência de uma estrutura de governança é vista como um diferencial de segurança e maturidade.
No aspecto sucessório, é ela quem garante que a clínica sobreviva à saída dos fundadores ou à entrada de herdeiros. Sem governança, a clínica se torna frágil à descontinuidade — mesmo sendo lucrativa.
Estudo de caso: uma clínica odontológica de São Paulo, ao implantar governança formal, conseguiu atrair um investidor minoritário com valuation 27% superior ao esperado, justamente pela estruturação da gestão.
Conclusão
Governança corporativa não é sinônimo de burocracia — é sinônimo de solidez. Para clínicas familiares que desejam crescer, atrair sócios, proteger o patrimônio e garantir longevidade, ela é o caminho natural e necessário. Começar com um bom acordo de sócios, definir protocolos e criar espaços formais de decisão são os primeiros passos para sair da informalidade e construir um legado empresarial no setor de saúde.
A profissionalização não elimina a essência familiar da clínica — ela protege essa essência e a prepara para o futuro.
Para mais informações sobre nosso trabalho e como podemos ajudar sua clínica ou consultório, entre em contato!
Senior Consultoria em Gestão e Marketing
Referência em gestão de empresas do setor de saúde
+55 11 3254-7451