Salário de Gerente, Riscos de Empresário: O Verdadeiro Custo de uma Franquia Odontológica
- Admin
- 30 de mai.
- 4 min de leitura
Descubra por que muitos profissionais entram em franquias odontológicas acreditando que estão comprando um negócio rentável, mas acabam se tornando operadores com carga de trabalho intensa, retorno financeiro limitado e risco total do investimento.
A promessa é tentadora: uma marca conhecida, marketing pronto, modelo de gestão testado, suporte contínuo. Para muitos dentistas e profissionais da saúde, a ideia de investir em uma franquia odontológica parece ser o atalho ideal para o sucesso empresarial. Mas o que muitos não enxergam no momento da assinatura do contrato é o verdadeiro custo — não apenas financeiro, mas também de autonomia, rentabilidade e liberdade de decisão.
Neste artigo, vamos mostrar como o modelo de franquia odontológica, embora pareça uma oportunidade segura, frequentemente coloca o franqueado em uma posição de “empregado de luxo”: com responsabilidades empresariais, carga horária pesada e retorno muitas vezes inferior ao de um consultório independente bem estruturado.
O investimento inicial: alto custo para entrar em um sistema rígido
O valor médio para abrir uma franquia odontológica no Brasil varia entre R$ 300 mil e R$ 800 mil, considerando taxa de franquia, reformas, equipamentos, mobiliário, capital de giro e o estoque inicial de insumos. Além disso, a maioria das franqueadoras exige que o ponto esteja localizado em regiões comerciais de alto fluxo, o que eleva consideravelmente os custos com aluguel e IPTU.
Exemplo realista:
Um franqueado investiu R$ 500 mil na abertura de uma unidade odontológica em uma cidade de médio porte.
O capital foi utilizado para:
R$ 80 mil em taxa de franquia
R$ 200 mil em reforma e mobiliário
R$ 180 mil em equipamentos odontológicos
R$ 40 mil em capital de giro
Esse investimento inicial elevado precisa ser recuperado por meio do lucro operacional — o que só acontece após o pagamento de todas as despesas fixas e variáveis, impostos, royalties e taxas de marketing.
Custos operacionais e taxas fixas da franquia
Ao contrário de um negócio próprio, uma franquia exige o pagamento mensal de diversas taxas obrigatórias:
Royalties (geralmente entre 5% e 8% do faturamento bruto)
Fundo de propaganda (geralmente 2% a 5%)
Taxas de suporte ou consultoria periódica
Compras com fornecedores homologados (nem sempre com os melhores preços de mercado)
Além disso, o franqueado precisa contratar equipe de atendimento, dentistas colaboradores, recepcionistas e cumprir rigorosamente os padrões exigidos pela franqueadora, o que limita a flexibilidade de gestão.
Dica prática:
Antes de assinar o contrato, solicite acesso à Circular de Oferta de Franquia (COF) e analise o Demonstrativo de Resultados (DRE) médio de outras unidades, buscando conversar com franqueados ativos e ex-franqueados para entender os verdadeiros números da operação.
Lucro líquido e retorno do investimento:
a conta que não fechaEm média, uma unidade franqueada odontológica fatura entre R$ 60 mil e R$ 120 mil por mês, dependendo da praça e do mix de serviços. No entanto, após o pagamento de folha de pagamento, encargos sociais, insumos, aluguel, taxas da franquia e tributos, muitos franqueados relatam lucros líquidos entre R$ 8 mil e R$ 15 mil mensais.
Se o investimento inicial foi de R$ 500 mil e o lucro líquido mensal é de R$ 10 mil, o prazo de retorno (payback) será de 50 meses — mais de 4 anos. Isso sem considerar imprevistos, sazonalidades, aumento de custos ou crises econômicas.
Nesse cenário, o franqueado se vê trabalhando 10 a 12 horas por dia, incluindo sábados, com um lucro mensal que equivale ao salário de um gerente de loja de grande rede — mas assumindo o risco total do negócio.
A armadilha da falsa segurança e a perda de autonomia
Muitos profissionais são atraídos pela suposta segurança que o modelo de franquia oferece. No entanto, na prática, o franqueado é obrigado a seguir um manual de operação inflexível, com regras que vão desde o design da recepção até os tipos de procedimentos ofertados e a precificação.
Isso significa que mesmo diante de uma realidade local distinta — como concorrência agressiva ou baixa renda do público-alvo — o franqueado não pode ajustar sua estratégia livremente. É um empresário sem poder de decisão.
Alternativas: abrir clínica própria ou criar marca independente?
Para muitos profissionais, montar uma clínica própria ou criar uma marca independente pode ser mais vantajoso no médio e longo prazo. Com o apoio de uma consultoria especializada, é possível desenvolver um plano de negócios, estruturar os processos, posicionar-se no mercado e investir em marketing com muito mais autonomia e controle dos resultados.
Além disso, o valor economizado em taxas de franquia pode ser redirecionado para ações de branding, treinamentos de equipe e tecnologias que aumentem a eficiência e a experiência do paciente.
Conclusão: você quer empreender ou operar um modelo pronto com retorno limitado?
Comprar uma franquia odontológica é, muitas vezes, adquirir uma estrutura com as limitações de um emprego formal, mas sem a estabilidade e os direitos de um CLT. A lógica é inversa: você investe alto, assume todos os riscos, trabalha muito — e ganha menos do que poderia com um modelo próprio bem planejado.
Empreender exige autonomia, estratégia e coragem. Antes de investir em uma franquia, estude profundamente o modelo, projete cenários realistas e compare com outras possibilidades de negócio. Em muitos casos, vale mais a pena construir o seu caminho do que seguir o de uma rede que padroniza os lucros — e maximiza os riscos para quem está na ponta.
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