Ponto de Equilíbrio e Capital de Giro para Clínica Médica: Como Calcular Passo a Passo
- Admin

- 2 de set.
- 4 min de leitura

Um guia prático e completo para projetar a necessidade de caixa, identificar o mês do equilíbrio e evitar que sua clínica quebre no início
Introdução
Abrir uma clínica médica exige mais do que equipamentos e bons profissionais. O maior risco dos primeiros meses é falta de caixa. Mesmo com demanda crescente, há um intervalo entre investir, operar e recuperar o dinheiro investido.
Este artigo mostra, passo a passo, como calcular a necessidade de capital de giro e o ponto de equilíbrio de caixa, usando um exemplo realista de clínica particular (sem convênios) que recebe via cartão com antecipação D+2. Você sairá com números concretos, fórmula prática e cenários para reduzir o risco.
Etapa 1 — Reunir as premissas financeiras
Para projetar o capital de giro, defina (Atenção: Os valores abaixo são apenas exemplos,levante os números da sua clínica):
Custos fixos mensais: R$ 25.000
Custos variáveis mensais (início): R$ 20.000
Receita prevista: começa em R$ 20.000 no mês 1, com crescimento de 5% ao mês por 12 meses
Prazo de recebimento: pacientes particulares com antecipação de cartão em D+2 (na prática, quase sem defasagem)
Prazos com fornecedores: 30/60/90 dias (ajudam, mas não eliminam a necessidade de caixa)
Período de resguardo desejado: 3 meses
Dica prática: registre as premissas em uma planilha (uma aba só para hipóteses). Isso acelera ajustes e simulações.
Etapa 2 — Projeção de receitas, custos e fluxo do mês
Custos totais no início:Custos fixos + variáveis = R$ 25.000 + R$ 20.000 = R$ 45.000/mês.
Receita mensal projetada:
Mês 1 = R$ 20.000
Mês 2 = R$ 20.000 X 1,05 = R$ 21.000…Regra geral: Receita do mês n = R$ 20.000 X (1,05)^(n-1).
Fluxo operacional do mês:Fluxo = Receita do mês – R$ 45.000.
Até a receita ultrapassar R$ 45.000, o fluxo mensal será negativo (queima de caixa).
Dica prática: se os custos variáveis realmente “variarão” com o volume, considere escalonar esses custos no início para reduzir a queima mensal.
Etapa 3 — Reserva inicial e saldo acumulado (o “tanque de combustível”)
Reserva inicial de resguardo: 3 meses de custos totais = 3 X R$ 45.000 = R$ 135.000.
Saldo acumulado: comece -R$ 135.000 e some mês a mês o fluxo operacional.
Ponto de equilíbrio de caixa: o primeiro mês em que o saldo acumulado zera (ou fica positivo).
Diferença importante Ponto de equilíbrio operacional: quando receita do mês ≥ R$ 45.000 (nesta simulação, por volta do mês 17). Ponto de equilíbrio de caixa: quando o saldo acumulado (após meses negativos) volta para zero — é mais tardio.
Dica prática: o ponto de equilíbrio de caixa sempre vem depois do operacional, porque você precisa repor o que queimou no caminho.
Resultado da simulação — O que os números mostram
Com as premissas informadas:
Reserva inicial: R$ 135.000
Mês em que a receita supera os custos (PE operacional): ~mês 17
Pico de necessidade de caixa (saldo mais negativo): ~-R$ 383.193 no mês 17
Ponto de equilíbrio de caixa (saldo acumulado = 0): mês 34
Leitura estratégica: a reserva de R$ 135 mil não cobre sozinha a trajetória completa. Com receita inicial baixa e crescimento de 5% ao mês, a clínica atinge o maior buraco de caixa perto do mês 17 (quando finalmente iguala custos), acumulando cerca de R$ 383 mil de necessidade de financiamento até começar a repor.
Dica prática: duas formas de não faltar caixa:
Aumentar a reserva/linha de crédito até a necessidade máxima prevista.
Redesenhar a rampa de operação para reduzir o pico de caixa (ver cenários abaixo).
Cenários de ajuste — Como diminuir a necessidade de caixa
Operação enxuta no início
Fixos: R$ 15.000 | Variáveis: R$ 10.000 | Crescimento: 5%
Reserva (3 meses): R$ 75.000
Pico negativo: ~-R$ 89.487 no mês 5
PE de caixa: mês 17Por que funciona: menor estrutura fixa/variável reduz a queima antes do ramp-up.
Crescimento mais rápido
Fixos: R$ 25.000 | Variáveis: R$ 20.000 | Crescimento: 10%
Reserva (3 meses): R$ 135.000
Pico negativo: ~-R$ 268.410 no mês 9
PE de caixa: mês 19Por que funciona: acelera a virada do operacional, reduzindo o tempo de queima.
Melhor início de demanda
Fixos: R$ 25.000 | Variáveis: R$ 20.000 | Receita inicial: R$ 30.000 | Crescimento: 5%
Reserva (3 meses): R$ 135.000
Pico negativo: ~-R$ 209.203 no mês 9
PE de caixa: mês 22Por que funciona: começar maior diminui o déficit mensal desde o início.
Dica prática: combine estratégias: enxugue custos nos 6–9 primeiros meses, acelere marketing e parcerias, e planeje crédito rotativo para cobrir apenas o pico.
Fórmula prática para a decisão
Estime custos totais (fixos + variáveis) no início.
Projete receitas com um crescimento crível (5% é conservador; 8–12% em planos agressivos).
Calcule fluxo mensal = Receita – Custos.
Some os fluxos ao longo do tempo partindo de –(meses de resguardo X custos totais).
Identifique:
Pico negativo: sua necessidade máxima de caixa.
Mês do zero acumulado: seu ponto de equilíbrio de caixa.
Regra de bolso: NCG realista = Reserva inicial + (pico negativo além da reserva).No cenário base, a reserva de R$ 135 mil precisaria ser reforçada (capital próprio ou crédito) para atravessar o pico de ~R$ 383 mil.
Dica prática: use essa lógica também para planejar o limite de uma conta garantida/CDC/cheque especial empresarial como amortecedor temporário, com cronograma para reduzir o saldo após o PE de caixa.
Conclusão
Capital de giro não é “sobras”: é o combustível que mantém sua clínica viva até a demanda pagar a conta. Com as premissas deste exemplo, o equilíbrio operacional chega por volta do mês 17, mas o equilíbrio de caixa só no mês 34, com necessidade máxima de ~R$ 383 mil no pico. Isso não é um problema — é um plano. Antecipe-se: ajuste custos na largada, acelere a captação de pacientes, garanta uma linha de crédito de respaldo e monitore os indicadores mensalmente. Assim, você transforma risco em previsibilidade e faz a clínica atravessar o início com segurança.
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