Controle de Custos por Procedimento: Descubra Quais Tratamentos Consomem mais Recursos e Reduzem sua Rentabilidade

Admin
16 de jul.
3 min de leitura

Uma abordagem prática e estratégica para calcular a margem de contribuição por serviço odontológico e tomar decisões mais lucrativas para sua clínica

Gerenciar os custos de uma clínica odontológica vai muito além de olhar para o total das despesas mensais. Em um cenário de alta competitividade, o verdadeiro diferencial está na capacidade de compreender quais procedimentos consomem mais recursos e entregam menos retorno financeiro. Esse controle detalhado por procedimento permite à gestão tomar decisões estratégicas com base em dados concretos e não apenas em percepções.

Custo direto x custo indireto: por onde começar?

Os custos diretos são aqueles ligados diretamente à execução do procedimento, como materiais descartáveis, anestésicos, luvas, tempo do profissional e uso de equipamentos específicos. Já os indiretos incluem aluguel da clínica, energia elétrica, salários administrativos e marketing, que precisam ser rateados proporcionalmente entre os atendimentos.

Por exemplo, em um clareamento dental de R$ 600, os custos diretos podem somar R$ 120 (kits, barreiras, EPIs e hora do dentista), enquanto os custos indiretos rateados por hora de atendimento podem representar mais R$ 100. Nesse caso, o custo total é R$ 220, gerando uma margem bruta de R$ 380. Mas será que isso representa lucro real?

Margem de contribuição: o que realmente sobra?

A margem de contribuição é o valor que "sobra" de cada procedimento após o pagamento dos custos variáveis (diretos), e serve para cobrir os custos fixos e gerar lucro. O cálculo é simples:

Margem de contribuição = Receita do procedimento - Custos variáveis

Uma clínica que não calcula a margem de contribuição por serviço corre sérios riscos. É comum clínicas venderem muito um procedimento com baixa margem, sem perceber que ele está consumindo recursos valiosos — como tempo da equipe, sala ocupada e materiais caros — e não gera retorno proporcional.

Como coletar os dados corretamente

O primeiro passo é mapear os insumos e o tempo gasto em cada tipo de atendimento. Um sistema de gestão pode facilitar esse acompanhamento, integrando o agendamento com o prontuário e os dados financeiros. Crie uma ficha técnica para cada serviço com:

Tempo médio de duração
Insumos utilizados
Profissional responsável
Frequência de retorno ou manutenções incluídas
Equipamentos específicos utilizados

Depois, estime o custo por hora de funcionamento da clínica (dividindo os custos fixos pelo total de horas operacionais por mês) e aplique essa taxa a cada procedimento.

Análise prática: implantes vs clareamento

Imagine uma clínica que realiza:

Implantes dentários com receita média de R$ 4.000 e custo total de R$ 2.800
Clareamentos com receita média de R$ 600 e custo total de R$ 220

Enquanto o lucro bruto por implante é R$ 1.200, no clareamento é R$ 380. Mas se o clareamento leva 1h e o implante consome 4h, a lucratividade por hora pode se inverter. Essa análise precisa considerar também o índice de absenteísmo, tempo de retorno e complexidade envolvida.

Decisões estratégicas com base em dados

Ao aplicar esse tipo de análise, clínicas conseguem:

Reajustar preços de procedimentos com baixa margem
Negociar melhores condições com fornecedores para insumos caros
Reduzir a oferta de serviços que consomem tempo demais para baixo retorno
Criar pacotes rentáveis combinando procedimentos com diferentes margens
Redirecionar campanhas de marketing para serviços mais lucrativos

Muitas clínicas que implementam esse tipo de controle conseguem aumentar entre 15% e 30% sua rentabilidade mensal, sem necessariamente aumentar o volume de atendimentos.

Ferramentas úteis para aplicação imediata

Planilhas automatizadas para cálculo de margem por procedimento
Softwares odontológicos com integração financeira (como Dental Office, iClinic ou Simples Dental)
Dashboards de BI com dados de custo, tempo e faturamento por serviço

Conclusão

Controlar os custos por procedimento é uma das formas mais inteligentes de profissionalizar a gestão de clínicas odontológicas. Ao identificar quais atendimentos drenam recursos e quais realmente trazem retorno, o gestor toma decisões mais seguras, maximiza lucros e constrói um modelo de negócio sustentável.