Como Transformar Convênios em Oportunidade e Não em Risco para a Sua Clínica
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Negociação estratégica, controle de glosas e transição inteligente para o atendimento particular podem salvar sua rentabilidade.
Em um cenário no qual a maioria das clínicas depende dos repasses das operadoras de saúde, a relação com os convênios pode ser tanto uma ponte para o crescimento quanto um abismo para a instabilidade financeira. O que determina de que lado sua clínica está é a maneira como essa relação é gerida. Médicos e gestores frequentemente se veem reféns de contratos mal negociados, glosas recorrentes e repasses incompatíveis com os custos reais dos serviços prestados. Mas há uma saída — e ela passa por uma abordagem estratégica, consciente e estruturada.
A Ilusão do Volume: Quando Atender Mais Não Significa Lucrar Mais
Muitas clínicas acreditam que aumentar o volume de atendimentos via convênios é sinônimo de crescimento. No entanto, isso nem sempre é verdade. Com valores de consulta muitas vezes inferiores a R$80,00 e procedimentos pagos com defasagem superior a cinco anos, o aumento da demanda gera, na prática, mais custo operacional, maior desgaste da equipe e, em muitos casos, prejuízo por atendimento.
Exemplo prático: uma clínica de ginecologia em Minas Gerais atendia cerca de 600 pacientes por mês via convênio. Após a análise de margem de contribuição por serviço, descobriu-se que 68% dos procedimentos eram realizados com margem negativa. Após ajuste no mix de serviços e transição parcial para o modelo particular, a receita líquida aumentou 27% com 35% menos atendimentos.
Reverter a Lógica: Estratégias de Negociação com Convênios
Negociar com convênios exige preparo. Muitas operadoras contam com grande poder de barganha, e o desconhecimento técnico por parte das clínicas contribui para contratos desvantajosos. A primeira medida é conhecer detalhadamente os custos operacionais da clínica, incluindo custo por hora médica, insumos, tributos e despesas fixas. Só assim é possível argumentar com base em dados concretos.
Técnicas eficazes de negociação incluem:
Análise comparativa entre operadoras.Identificar quais pagam melhor por especialidade ou procedimento.
Apresentação de indicadores de qualidade.Clínicas com NPS elevado, alto índice de resolutividade ou tempo médio de atendimento adequado podem usar esses dados a seu favor.
Proposta de pacote fechado.Em vez de negociar item a item, propõe-se um valor por consulta com determinados procedimentos incluídos — o que simplifica o processo e pode garantir margens melhores.
Dica prática: mantenha um dossiê atualizado com os custos reais dos procedimentos mais realizados na clínica. Isso será útil tanto para negociação quanto para embasar reajustes.
Glosas: O Ralo Invisível das Finanças Clínicas
As glosas — recusas de pagamento por parte das operadoras — representam uma das maiores causas de frustração e perdas financeiras. Estima-se que clínicas percam de 3% a 7% da receita mensal por glosas não recorridas. Entre os principais motivos estão erros de preenchimento, ausência de documentos anexados, falhas de autorização e não conformidade com regras do convênio.
Para enfrentá-las, a clínica deve:
Padronizar processos de faturamento com checklist por operadora.
Capacitar a equipe de faturamento com atualização mensal das regras de cada convênio.
Monitorar e recorrer sistematicamente todas as glosas, dentro do prazo.
Utilizar softwares que sinalizam erros de preenchimento antes do envio.
Exemplo: após implementar um protocolo de checagem dupla e software de integração com operadoras, uma clínica de fisioterapia reduziu suas glosas em 80% em 90 dias, recuperando cerca de R$11 mil mensais.
Precificação Inteligente: Equilibrando Convênios e Atendimento Particular
Aceitar convênios não deve impedir a clínica de trabalhar com atendimento particular. Pelo contrário: o convênio pode ser uma porta de entrada que, se bem conduzida, leva à fidelização do paciente e posterior conversão para atendimento particular em serviços que não são cobertos ou têm cobertura limitada. Para isso, é essencial estruturar uma precificação inteligente, que reflita o valor entregue.
Três boas práticas:
Crie pacotes e programas de acompanhamento.Por exemplo, planos de acompanhamento preventivo ou check-ups com valor fechado, facilitando a adesão.
Treine sua equipe de recepção e atendimento para apresentar o valor do serviço e não apenas o preço.A comunicação clara sobre o diferencial técnico e humano do atendimento é essencial.
Ofereça facilidades de pagamento.Cartão, Pix, parcelamento recorrente e até convênios com empresas locais.
Dica prática: estabeleça um plano de metas com a equipe para transição gradual de pacientes de convênio para particular, começando por serviços com maior valor agregado.
Quando Migrar do Convênio para o Modelo Particular?
A decisão de deixar os convênios deve ser planejada com cautela. Interromper repentinamente os contratos pode causar perda abrupta de receita e imagem. O ideal é realizar uma análise de viabilidade, com base nos seguintes critérios:
Margem de contribuição por procedimento e por convênio.
Custo de aquisição de novos pacientes particulares.
Capacidade de diferenciação do serviço prestado (branding, localização, qualidade técnica).
Volume atual de pacientes fidelizados.
Reservas financeiras para suportar a transição.
Essa transição pode ser por especialidade, por operadora ou por etapa do atendimento. Muitas clínicas começam oferecendo procedimentos estéticos, implantes, exames complementares e terapias como serviços particulares, mantendo os convênios para a porta de entrada.
Exemplo real: uma clínica de dermatologia começou recusando um convênio com maior índice de glosas, redirecionou esforços para marketing digital, ampliou sua base particular e, em seis meses, compensou integralmente a receita que era oriunda daquele convênio.
Conclusão: Convênio Não é Vilão, Mas Também Não É Herói
Transformar os convênios em aliados exige visão de negócio, controle financeiro e coragem estratégica. Ao identificar os gargalos operacionais, negociar de forma profissional, reduzir glosas e estruturar um modelo híbrido de atendimento, sua clínica deixa de ser refém e passa a ser protagonista. Lembre-se: o paciente busca mais do que cobertura — ele busca confiança, resultados e boa experiência. E isso, o convênio sozinho não entrega. Mas a sua gestão clínica pode — com ou sem convênio.
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