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Como Elaborar um Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira para Abrir um Hospital Privado

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    Admin
  • 7 de mai.
  • 3 min de leitura

Como Elaborar um Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira para Abrir um Hospital Privado
Como Elaborar um Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira para Abrir um Hospital Privado

Do papel à operação: aprenda a projetar lucros, analisar riscos e tomar decisões estratégicas com base em dados financeiros reais.


Introdução: por que a viabilidade é decisiva para abrir um hospital?

Investir na abertura de um hospital privado envolve aportes que frequentemente ultrapassam R$ 20 milhões, exigindo planejamento estratégico, financeiro e regulatório.


Diferentemente de outros empreendimentos de saúde, o hospital possui estrutura complexa, operação 24 horas, obrigatoriedade de plantões, controle rígido de infecção, e altíssimo nível de exigência técnica. Por isso, o estudo de viabilidade econômico-financeira se torna uma ferramenta essencial para validar a ideia, atrair investidores e evitar prejuízos futuros.


1. Etapas iniciais: definindo o modelo hospitalar


O primeiro passo do estudo é definir qual tipo de hospital será construído:

  • Hospital geral de pequeno porte (até 50 leitos)

  • Hospital de médio porte com centro cirúrgico e UTI (até 150 leitos)

  • Hospital de especialidades (oftalmologia, ortopedia, oncologia etc.)

  • Hospital dia (sem internação prolongada)


Cada modelo possui custos e receitas específicas. Um hospital geral com 50 leitos, pronto atendimento e centro cirúrgico, por exemplo, pode ter investimento inicial estimado em R$ 18 a 30 milhões, incluindo estrutura, equipamentos e capital de giro para 6 meses.


2. Construção da DRE projetada: receitas, custos e lucro estimado


A DRE (Demonstrativo de Resultados do Exercício) é o pilar da viabilidade. Ela mostra quanto o hospital poderá faturar, quais serão os custos operacionais e qual será o lucro esperado.


Exemplo de DRE para hospital de médio porte (100 leitos):


Premissas mensais estimadas a partir do 6º mês de operação plena:

  • Receita Bruta Total: R$ 2.400.000

    • Particular: R$ 600.000 (25%)

    • Convênios: R$ 1.200.000 (50%)

    • SUS: R$ 600.000 (25%)

  • Deduções e impostos: R$ 240.000 (10%)

  • Receita Líquida: R$ 2.160.000


Custos operacionais mensais:

  • Folha de pagamento (médicos, equipe técnica, administração): R$ 950.000

  • Insumos e materiais hospitalares: R$ 320.000

  • Energia, água, manutenção: R$ 110.000

  • Aluguel de equipamentos e serviços terceirizados: R$ 180.000

  • Depreciação: R$ 100.000

  • Despesas administrativas e comerciais: R$ 160.000

  • Total de custos/despesas: R$ 1.820.000


Lucro Operacional Bruto: R$ 340.000

Margem de Lucro Líquido: 15,7%


3. Cálculo do Ponto de Equilíbrio Financeiro


O ponto de equilíbrio determina quanto o hospital precisa faturar para não operar no prejuízo.


Fórmula:


Ponto de Equilíbrio = Custos Fixos / (1 - % dos Custos Variáveis sobre a Receita)


Exemplo real baseado nos dados acima:

  • Custos Fixos: R$ 1.290.000 (folha + despesas administrativas + depreciação)

  • Custos Variáveis: R$ 530.000 (insumos, serviços, energia)

  • Receita: R$ 2.160.000

  • % Custos Variáveis = 24,5%


Ponto de Equilíbrio = R$ 1.290.000 / (1 - 0,245) = R$ 1.709.934

Ou seja, o hospital precisa faturar no mínimo R$ 1,71 milhão/mês para não ter prejuízo.


4. Projeções de Receita por Tipo de Atendimento (Mix Estratégico)


Ter um mix equilibrado entre fontes pagadoras é fundamental para saúde financeira.

Tipo de Atendimento

% Receita

Vantagem

Desvantagem

Particular

25%

Alta margem

Exige marca forte e marketing

Convênios

50%

Volume de pacientes

Glosas, prazos longos de pagamento

SUS

25%

Repasse regular

Margem muito baixa, burocracia

A estratégia mais eficiente é manter o SUS como base de volume, convênios como motor de giro e particular como impulsionador de rentabilidade. Hospitais especializados (ex: oftalmologia) podem ter até 60% da receita em atendimento particular.


5. Investimentos iniciais e capital de giro


Estimativas para hospital de 100 leitos com UTI:


  • Terreno e construção: R$ 10 a 12 milhões

  • Equipamentos hospitalares: R$ 6 a 9 milhões

  • Mobiliário e TI (sistemas de gestão, prontuário, PACS): R$ 2 milhões

  • Documentação e regularização: R$ 500 mil

  • Capital de giro (6 meses): R$ 3 milhões


Total estimado: R$ 21,5 a R$ 26,5 milhões


6. Considerações estratégicas adicionais


  • Payback estimado: de 6 a 9 anos, dependendo da taxa de ocupação, renegociação com convênios e produtividade cirúrgica.

  • Indicadores-chave a monitorar: taxa de ocupação de leitos, giro de pacientes, custo por procedimento, margem por pagador, ticket médio por paciente.

  • Valuation do hospital: pode superar 5X o EBITDA anual, se bem posicionado.


Dica prática:


Antes de iniciar qualquer obra, simule três cenários financeiros (otimista, realista e conservador). O cenário conservador deve garantir a sustentabilidade mínima, mesmo com 60% de ocupação e margens reduzidas. Isso protege o projeto de flutuações de mercado e atrasos no credenciamento com operadoras.


Conclusão


Elaborar um estudo de viabilidade econômico-financeira é mais do que uma exigência técnica: é uma blindagem estratégica contra decisões impulsivas. Médicos e investidores que se apoiam em dados, projeções realistas e modelos financeiros consistentes estão mais preparados para transformar seus sonhos hospitalares em negócios sólidos, rentáveis e sustentáveis.


Para mais informações sobre nosso trabalho e como podemos ajudar sua clínica ou consultório, entre em contato!



Senior Consultoria em Gestão e Marketing

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