Como Criar um Centro de Custo Eficiente em Clínicas e Hospitais

Admin
28 de jul.
4 min de leitura

Entenda como dividir despesas por setores estratégicos pode transformar sua gestão financeira e melhorar a rentabilidade

Introdução

A maioria das clínicas e hospitais ainda administra suas finanças de forma agregada, sem separar claramente os custos por setor. Isso torna a análise de rentabilidade pouco precisa e dificulta tomadas de decisão estratégicas. Implantar um sistema de centro de custos eficiente muda esse cenário, permitindo que o gestor identifique exatamente quais áreas estão gerando lucro ou prejuízo. Para o setor de saúde — que opera com margens estreitas e grande variabilidade de custos —, essa ferramenta é mais do que útil: é essencial.

Dica prática:

antes de qualquer estruturação, desenhe o mapa físico e funcional da clínica ou hospital. Isso servirá de base para a divisão dos centros de custo.

O que é um Centro de Custo e por que aplicá-lo na Saúde?

Um centro de custo é uma unidade organizacional ou funcional da empresa para a qual são atribuídas receitas, despesas e investimentos. Na prática, cada setor — como recepção, enfermagem, centro cirúrgico, laboratório ou consultórios — passa a ter seu próprio "balanço interno". No setor hospitalar e clínico, essa estrutura permite entender a performance financeira de cada área, facilitando o controle e o planejamento.

Além disso, hospitais com muitos departamentos ou clínicas com múltiplos profissionais e serviços se beneficiam dessa visibilidade para avaliar produtividade, precificação e eficiência operacional.

Exemplo:

um centro cirúrgico que ocupa 30% do espaço, mas responde por 60% das despesas e apenas 20% da receita, precisa de ajustes operacionais ou de precificação.

Passo a Passo para Estruturar um Centro de Custo na Clínica ou Hospital

Mapeie todas as áreas funcionaisDivida o negócio em setores reais de operação, como recepção, triagem, consultórios, salas de exame, setor financeiro, marketing, limpeza, etc. Cada área deve ser tratada como um centro de custo independente.
Defina critérios de alocação de custos diretos e indiretos
Custos diretos: vinculados a uma área específica (ex: luvas descartáveis no centro cirúrgico).
Custos indiretos: divididos proporcionalmente entre centros (ex: energia elétrica, que pode ser rateada por área ocupada ou horas de funcionamento).
Use um sistema de gestão (ERP ou planilhas avançadas)Para que os dados sejam processados com confiabilidade, é necessário integrar o centro de custo à contabilidade gerencial. Softwares como TOTVS Saúde, ProDoctor ou mesmo planilhas estruturadas no Excel podem atender clínicas menores.

Dica prática:

na ausência de ERP, use planilhas de rateio com critérios objetivos e revistos trimestralmente. O importante é começar e evoluir com consistência.

Quais Resultados Esperar com um Centro de Custo Bem Implementado?

Aumento da margem operacional Ao identificar quais setores consomem mais recursos do que geram receita, o gestor pode reestruturar ou até descontinuar atividades pouco rentáveis.
Melhor precificação dos serviços Com os custos reais de cada área em mãos, é possível precificar os procedimentos com base em margem desejada e competitividade de mercado.
Aprimoramento da tomada de decisão Os dados gerados permitem comparar desempenhos entre unidades, profissionais e serviços, orientando decisões como contratações, investimentos e expansão.

Estudo de caso: uma clínica que implementou centro de custo identificou que seu setor de imagem, embora lucrativo, operava com custo por exame 27% acima do ideal. Reorganizando turnos e substituindo insumos, obteve redução de 18% nas despesas mensais.

Principais Desafios e Como Superá-los

Resistência da equipe É comum que funcionários vejam a divisão de custos como "controle excessivo". Envolva-os no processo e mostre como a eficiência protege empregos e aumenta bonificações.
Coleta e categorização dos dados Na ausência de dados confiáveis, as análises podem ser distorcidas. Comece com dados mais fáceis de capturar (como despesas com pessoal e insumos) e avance para indicadores mais refinados com o tempo.
Atualização constante dos critérios A estrutura do centro de custo deve ser revisada periodicamente, especialmente após mudanças físicas, operacionais ou estratégicas da clínica.

Dica prática: crie um comitê de análise de desempenho por centro de custo, reunindo administração, financeiro e representantes técnicos. Reuniões mensais ajudam a manter o sistema vivo e útil.

Conclusão

Implantar um centro de custo eficiente em clínicas e hospitais não é apenas uma prática contábil — é uma estratégia de gestão. Ele transforma a maneira como o gestor enxerga a operação e oferece ferramentas para decisões mais rentáveis e seguras. Mesmo clínicas de pequeno porte podem (e devem) adotar essa estrutura para crescer de forma sustentável.

No novo cenário da saúde privada, quem conhece seus números com profundidade tem uma vantagem competitiva inestimável.

Resumo final:

Criar um centro de custo em clínicas e hospitais permite separar as despesas por área, identificar gargalos financeiros e otimizar decisões. Com ele, o gestor consegue saber exatamente quais setores são lucrativos e quais consomem mais recursos do que deveriam. A estrutura exige organização, definição clara de custos diretos e indiretos, e uso de ferramentas de controle — mesmo que inicialmente simples, como planilhas. Quando bem aplicado, o centro de custo aumenta a margem, melhora a precificação e traz inteligência para a gestão. Em um setor com margens apertadas, é uma ferramenta indispensável para o crescimento sustentável.