Abrindo Sua Clínica? Saiba Como Escolher o Regime Tributário Ideal e Evitar Prejuízos Fiscais
- Admin
- 26 de jun.
- 4 min de leitura

A escolha do regime tributário é uma das decisões mais importantes no início de uma clínica médica ou odontológica. Entenda como fazer essa escolha com base no faturamento, estrutura de custos e modelo de operação — e evite surpresas desagradáveis com o fisco.
Introdução
Ao abrir uma clínica médica, odontológica ou multiprofissional, o foco inicial costuma estar na montagem da estrutura, captação de pacientes e definição dos serviços. Porém, uma decisão estratégica frequentemente negligenciada nesse momento é a escolha do regime tributário. Essa escolha tem impacto direto na lucratividade, na previsibilidade financeira e até na viabilidade do negócio a médio prazo.
No Brasil, clínicas podem ser tributadas principalmente pelo Simples Nacional, Lucro Presumido ou Lucro Real. Cada regime possui regras, alíquotas e particularidades que influenciam o quanto sua clínica pagará de impostos e qual será o nível de complexidade da gestão contábil.
Neste artigo, vamos analisar as características de cada regime, apresentar exemplos práticos e ajudar você a tomar a melhor decisão para sua nova clínica — com segurança e foco na economia fiscal legal.
O que é regime tributário e por que ele é tão importante?
O regime tributário define como os tributos da sua clínica serão calculados e pagos. Isso inclui impostos como ISS, IRPJ, CSLL, PIS e COFINS. A escolha incorreta pode fazer com que você pague mais do que o necessário ou, pior, enfrente autuações e multas por descumprimento de regras.
O ideal é escolher o regime com base em:
Faturamento anual estimado
Estrutura de custos fixos e variáveis
Margem de lucro prevista
Tipo de serviço prestado (particular ou convênios)
Perspectiva de crescimento e reinvestimento
1. Simples Nacional: ideal para começar com faturamento controlado
O Simples Nacional é um regime simplificado, voltado para micro e pequenas empresas com faturamento anual de até R$ 4,8 milhões. Sua principal vantagem é a unificação dos tributos em uma única guia, com alíquotas que variam conforme o faturamento.
Para clínicas médicas e odontológicas, aplica-se geralmente o Anexo III ou V, dependendo da relação entre folha de pagamento e receita bruta (fator R).
Exemplo prático:
Uma clínica odontológica com faturamento de R$ 40 mil/mês e folha de pagamento de R$ 12 mil (30%) pode se enquadrar no Anexo III, pagando alíquota inicial de 6% sobre o faturamento. Isso gera um imposto de R$ 2.400 mensais.
Pontos fortes:
Menor carga tributária para clínicas com boa folha de pagamento
Obrigações acessórias simplificadas
Ideal para início das atividades
Pontos de atenção:
A tributação incide sobre o faturamento bruto (mesmo se houver prejuízo)
Pode se tornar desvantajoso com crescimento sem aumento proporcional da equipe
2. Lucro Presumido: bom para clínicas com margem de lucro previsível
O Lucro Presumido é recomendado para clínicas com faturamento anual até R$ 78 milhões e boa lucratividade, mas que não desejam a complexidade do Lucro Real. Neste regime, o lucro é presumido pela Receita Federal, com base em percentuais fixos aplicados ao faturamento.
Para serviços de saúde, o percentual presumido de lucro é 32%, sobre o qual incidem 15% de IRPJ e 9% de CSLL. Além disso, há incidência de PIS (0,65%) e COFINS (3%) sobre o faturamento, e o ISS, com alíquota municipal entre 2% e 5%.
Exemplo prático:
Uma clínica médica com faturamento de R$ 100 mil/mês no Lucro Presumido pagaria cerca de 13% a 16% em tributos diretos, dependendo da cidade e dos custos com folha e estrutura.
Pontos fortes:
Custo fiscal previsível
Possibilidade de planejamento tributário com distribuição de lucros isentos
Menos exigências que o Lucro Real
Pontos de atenção:
Sem abatimento de despesas operacionais
Pode ser mais oneroso que o Simples se a folha for alta
3. Lucro Real: indicado para clínicas de grande porte ou com despesas elevadas
O Lucro Real é obrigatório para empresas com faturamento acima de R$ 78 milhões, mas também pode ser escolhido por clínicas com alto volume de despesas operacionais (como hospitais, grandes centros diagnósticos ou clínicas com vários sócios e unidades).
Nesse regime, os tributos incidem sobre o lucro efetivamente apurado (receita menos despesas). Isso permite deduzir gastos como aluguel, folha, insumos, marketing, entre outros, o que pode reduzir a base de cálculo.
Exemplo prático:
Uma clínica com receita de R$ 300 mil/mês e R$ 250 mil de despesas pode pagar menos impostos no Lucro Real do que no Presumido ou Simples, mesmo com mais obrigações fiscais.
Pontos fortes:
Permite compensar prejuízos e deduzir despesas
Mais justo em clínicas com margens apertadas
Possível economia em cenário de altos custos
Pontos de atenção:
Complexidade contábil elevada
Maior risco de autuação se houver falhas na apuração
Como escolher o regime ideal para sua clínica?
Não existe uma resposta única. A melhor escolha depende do seu modelo de negócio, estrutura de custos, porte da equipe, margem de lucro estimada e projeção de crescimento.
Dica prática: Faça uma simulação comparativa dos três regimes antes da abertura, com base em projeções realistas. Envolva um contador especializado em saúde, que conheça a legislação e os incentivos disponíveis no seu município.
Conclusão
A escolha do regime tributário não deve ser feita no improviso ou com base em palpites. É uma decisão estratégica, com forte impacto na saúde financeira da clínica desde os primeiros meses de operação. O regime ideal é aquele que equilibra economia fiscal, simplicidade de gestão e aderência ao modelo de negócio.
Ao planejar com antecedência e simular cenários com o suporte de um especialista, sua clínica começa já no caminho certo — com segurança jurídica, menor carga tributária e mais previsibilidade nos resultados.
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