5 Motivos para Não Comprar uma Franquia na Área de Saúde
- Admin

- 20 de set.
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Entenda os riscos e armadilhas de investir em franquias médicas e odontológicas sem uma análise criteriosa
Introdução
O setor de saúde é um dos mais atrativos para empreendedores, principalmente em períodos de instabilidade econômica. Clínicas médicas, odontológicas, laboratórios e franquias de estética crescem impulsionados pela alta demanda de serviços essenciais. Nesse cenário, muitos profissionais e investidores são seduzidos pelo modelo de franquias, que promete padronização, suporte e uma marca consolidada. No entanto, nem sempre essa é a melhor escolha.
De acordo com a Associação Brasileira de Franchising (ABF), o segmento de saúde, beleza e bem-estar representa cerca de 10% de todas as franquias no Brasil. Mas pesquisas apontam que até 30% dos franqueados enfrentam dificuldades financeiras nos três primeiros anos, principalmente por não compreenderem as particularidades do mercado. Isso mostra que entrar em uma franquia de saúde sem a devida análise pode resultar em prejuízos significativos.
Neste artigo, vamos apresentar cinco motivos pelos quais você deve pensar duas vezes antes de comprar uma franquia na área da saúde, trazendo exemplos práticos e dados para apoiar uma decisão mais consciente.
1. Custos de Implantação Elevados e Engessados
Ao investir em uma franquia de saúde, o franqueado precisa seguir um padrão de implantação definido pela franqueadora. Isso inclui desde o layout da clínica até a aquisição de equipamentos e insumos de fornecedores homologados. Embora esse modelo ofereça padronização, ele também limita a flexibilidade de negociar preços ou escolher alternativas mais econômicas.
Um exemplo prático: enquanto uma clínica independente pode investir em equipamentos de qualidade com fornecedores locais a preços até 20% menores, o franqueado muitas vezes é obrigado a adquirir de fornecedores pré-estabelecidos, elevando o custo inicial de implantação. Estudos de mercado mostram que o custo médio de abertura de uma franquia na área da saúde pode variar entre R$ 500 mil e R$ 1,5 milhão, valores que podem não se justificar dependendo da localização e demanda.
Dessa forma, o investimento inicial pode se tornar um fardo, especialmente para quem não possui capital de giro robusto. Ao engessar o modelo de aquisição, a franquia limita a liberdade do empreendedor de ajustar a estrutura ao perfil real de seus pacientes e da sua região.
2. Royalties e Taxas que Reduzem a Lucratividade
Outro ponto crítico é a cobrança de royalties mensais e taxas de marketing, que muitas vezes comprometem parte significativa do faturamento. Embora essas taxas tenham como objetivo sustentar a marca e oferecer suporte, na prática elas reduzem a margem de lucro do franqueado, especialmente em clínicas com volume de atendimentos abaixo do esperado.
Segundo dados da própria ABF, as taxas de royalties variam de 5% a 12% do faturamento bruto, enquanto as taxas de marketing podem variar entre 2% e 5%. Em uma clínica que fatura R$ 300 mil por mês, isso pode significar até R$ 51 mil destinados apenas a essas obrigações contratuais, antes mesmo de pagar folha, impostos e fornecedores.
Um caso comum é o de franqueados que não conseguem atingir o ponto de equilíbrio justamente porque o faturamento líquido, após o pagamento das taxas, não cobre os custos operacionais. Assim, em vez de obter segurança financeira, muitos investidores acabam endividados.
3. Falta de Autonomia na Gestão
Ao se tornar franqueado, o médico ou gestor perde parte importante da autonomia na tomada de decisões. As franqueadoras determinam protocolos de atendimento, estratégias de marketing, fornecedores e até políticas de precificação. Isso pode ser positivo para quem busca uma estrutura pronta, mas extremamente limitador para profissionais que desejam inovar ou personalizar seus serviços.
Por exemplo, uma clínica odontológica franqueada pode ser impedida de criar campanhas regionais específicas, mesmo que exista uma grande demanda local. Além disso, mudanças rápidas de mercado, como a adoção de novas tecnologias ou serviços diferenciados, podem demorar a ser implementadas, já que dependem da aprovação da franqueadora.
Essa falta de autonomia pode gerar frustração em empreendedores mais experientes e comprometer o crescimento a longo prazo. Afinal, cada região possui características próprias que nem sempre são contempladas em um modelo padronizado.
4. Risco de Conflito de Interesses
Um dos problemas recorrentes em franquias de saúde é o conflito entre os interesses do franqueador e do franqueado. A franqueadora busca expandir a rede e aumentar sua receita por meio da venda de novas unidades, enquanto o franqueado precisa de exclusividade territorial e suporte efetivo para garantir sua sustentabilidade.
Há relatos de redes que vendem novas unidades em regiões próximas, saturando o mercado e reduzindo a rentabilidade das clínicas já existentes. De acordo com estudos de mercado, esse tipo de concorrência interna pode reduzir em até 25% o faturamento das unidades em áreas sobrepostas.
Sem um contrato claro e uma relação transparente, o franqueado corre o risco de ver seu investimento ameaçado pela própria rede que deveria apoiá-lo. Por isso, analisar minuciosamente o contrato e negociar cláusulas de proteção territorial é essencial.
5. A Marca Não é Garantia de Sucesso
Muitos investidores acreditam que apenas o peso da marca será suficiente para atrair pacientes e garantir lucro. No entanto, no setor da saúde, fatores como qualidade do atendimento, credibilidade do corpo clínico e diferenciação dos serviços têm peso muito maior na decisão do paciente.
Exemplo prático: uma clínica de dermatologia independente em uma cidade de médio porte pode conquistar mais pacientes com atendimento humanizado e marketing de conteúdo do que uma franquia famosa que não se adapta às particularidades locais. Estudos mostram que 72% dos pacientes escolhem clínicas pela recomendação de amigos ou familiares, e não pela marca.
Portanto, a ideia de que a franquia elimina riscos não corresponde à realidade. O sucesso no setor da saúde depende de uma gestão bem-feita, equipe qualificada e estratégias comerciais adequadas ao mercado.
Conclusão
Comprar uma franquia na área da saúde pode parecer uma solução segura e prática, mas a realidade mostra que esse modelo traz riscos e limitações importantes. Custos elevados de implantação, taxas que reduzem a margem, falta de autonomia, conflitos de interesse e a falsa segurança da marca são fatores que podem comprometer o sucesso do negócio.
Para médicos e investidores que desejam empreender no setor, muitas vezes é mais vantajoso estruturar uma clínica própria, com gestão profissional e estratégias personalizadas. Isso permite maior flexibilidade, controle sobre os custos e a possibilidade de construir uma marca própria sólida e diferenciada.
Em resumo, antes de investir em uma franquia, é fundamental avaliar os riscos e considerar alternativas que tragam mais liberdade e sustentabilidade ao seu projeto. Afinal, no mercado da saúde, o verdadeiro diferencial está na qualidade da gestão e na capacidade de oferecer valor real aos pacientes.
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